Cleptomania: A doença que faz roubar
Imagine
a seguinte situação: você convida um amigo para jantar em sua casa e percebe
que ele leva o garfo quando vai embora. E não foi por acidente. O que você
imagina? Que esse amigo é um “ladrão” por ter furtado tal objeto? Talvez a
resposta não seja assim tão simples: você pode estar diante de alguém que sofre
com uma doença chamada de cleptomania.
Embora
seja de fato uma doença, pouco se fala em cleptomania e as pessoas que sofrem
com esse mal têm até dificuldades para falar sobre o assunto e procurar ajuda.
Mas já passou da hora de acabarem com os tabus, conhecer mais detalhadamente,
saber quais são as possíveis causas e o principal: existe tratamento!
O que é cleptomania?
Primeiramente,
é importante deixar claro que estamos falando de uma doença, portanto, vai
contra a vontade de qualquer pessoa, é algo completamente involuntário. A
cleptomania é considerada como um transtorno que pode afetar homens e mulheres
de diferentes idades, cuja maior característica é a incapacidade que a pessoa
tem de resistir ao impulso de furtar objetos do local em que ela está.
Trata-se
de um distúrbio psicopatológico que faz com que um indivíduo roube objetos
normalmente sem valor e que não são necessários para ele, como talheres, um
sabonete, canetas e outros, pequenos e que a pessoa teria condições de
adquirir. Os furtos podem acontecer na casa de conhecidos, em lojas, no
ambiente de trabalho, na escola, faculdade e em qualquer outro local, seja ele
vigiado ou não, já que o roubo não é proposital.
Em
muitos casos, o indivíduo se desfaz daquele objeto logo depois de furtar, seja
jogando fora ou dando de presente para alguém. Esse é um sinal de que a ideia
não era possuir o objeto em si, mas sim, sentir o ato de roubá-lo de onde
estava. Há quem faça coleção com aquilo que furta ou até devolva ao local de
onde pegou posteriormente, discretamente, sem que ninguém suspeite de nada.
Para entender melhor:
Existe mais de um tipo de cleptomania, veja quais são eles:
·
Esporádica:
quando a pessoa não consegue se conter, acaba furtando um objeto, mas passa um
longo período de tempo sem repetir a ação;
·
Episódica: são
períodos prolongados de furtos intercalados por períodos breves de remissão;
·
Crônica: é o caso em que os furtos são mais
constantes. A pessoa se arrepende logo depois, mas não consegue ficar tempo
algum sem repetir o ato.
Cleptomania x roubo comum
A
principal diferença entre essa doença e o ato de roubar reside no fato de, como
já mencionado, o cleptomaníaco não furta um objeto para possuí-lo e nem mesmo
dá preferência a coisas que tenham valor material. O que importa para ele é o
prazer que sente no momento do furto. Não tem a intenção de prejudicar ninguém
e nem mesmo de tirar vantagem possuindo algo sem precisar pagar.
Para
quem sofre com esse distúrbio, o furto não pode ser caracterizado como um
desvio de conduta, mas sim como um distúrbio.
Principais sintomas
Além
do furto em si, existem outros sinais que ajudam a identificar a cleptomania,
tais como: a sensação de tensão antes de roubar; a tentativa (normalmente
esforçada) de resistir ao impulso de furtar, mas sem sucesso; sensação de
alívio logo depois que o furto é cometido; sensação de culpa algum tempo
depois.
Em
muitos casos, o cleptomaníaco sente medo quando sabe que há algum policial por
perto ou que o local é vigiado por câmeras de segurança. Mas isso não significa
que o furto seja planejado e nem mesmo que vai deixar de cometê-lo, já que o
impulso costuma ser mais forte do que esse receio.
Quais são as causas da cleptomania?
Ainda
existe muito mistério em torno desse assunto e não se pode afirmar
categoricamente que as causas que levam à cleptomania sejam conhecidas. No
entanto, algumas pesquisas apontam que possíveis alterações cerebrais provoquem
a doença, embora isso não seja cientificamente comprovado até então.
Por
ser um distúrbio psicopatológico, é possível que algumas situações estejam
relacionadas com a cleptomania, tais como: tentativa inconsciente de reagir ao
estresse e substituir um possível comportamento violento pelo furto; busca, de
forma também inconsciente, compensar sentimentos relacionados a tristeza ou
perdas que o indivíduo sofreu em sua vida.
É
importante ressaltar que dificilmente a cleptomania é um problema isolado. Quem
sofre com ela, pode acabar desenvolvendo uma depressão por tentar controlar o
impulso de furtar e simplesmente não conseguir. O cleptomaníaco ainda pode
perder amigos, sofrer com afastamento da família e perder o emprego, justamente
porque nem todos compreendem que se trata de uma doença. Esses problemas fazem
com que o ato de procurar ajuda seja ainda mais importante. A cleptomania pode
destruir a vida de uma pessoa.
Famosos
cleptomaníacos
No
mundo glamouroso das celebridades, também existe gente que sofre por não
conseguir controlar o furto: Ronaldo Esper, um estilista brasileiro, já foi
flagrado roubando vasos de um cemitério; a atriz Winona Ryder furtou roupas de
uma loja em Los Angeles e Lindsay Lohan roubou um colar, mas foi sentenciada
por isso.
O
assunto já foi abordado até na teledramaturgia: a novela América, da Rede
Globo, tinha uma personagem cleptomaníaca, interpretada por Christiane Torloni.
A ideia era mostrar que o roubo de pequenos objetos sem valor, quando não há a
intenção de roubar, é uma patologia que precisa de tratamento.
E por falar nisso, qual é o tratamento?
Pacientes
que são diagnosticados com cleptomania normalmente são encaminhados para a
psicoterapia. O acompanhamento psicológico ajuda o indivíduo a atribuir
significados ao furto, ao prazer que ele causa, à ansiedade e canalizar isso
para outros hábitos que não sejam prejudiciais.
Junto
com a terapia, pode vir a medicação para controlar a ansiedade e a depressão,
quando ela for constatada.
A
parte mais difícil do tratamento é procurá-lo. As pessoas costumam ter vergonha
do seu comportamento e preferem tentar escondê-lo ao invés de tentar encontrar
uma solução. É por isso que o apoio e a compreensão dos familiares e amigos são
fundamentais nesse processo, o paciente precisa se sentir confortável e seguro.
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